sexta-feira, 11 de março de 2011

Sistema nacional de rastreamento de fármacos foi até agora um placebo

Dias atrás, seguindo a ordem de um colegiado de ministros, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou a suspensão do sistema nacional de rastreabilidade de medicamentos. A iniciativa está "congelada" até que um grupo formado pela entidade emita novo parecer sobre as opções tecnológicas disponíveis para a implantação do projeto. A promessa é de que o veredicto saia em pouco menos de dois meses.

O novo episódio agora suscita a impressão de que o projeto, divulgado pela Anvisa no fim de 2009 como essencial e urgente, vai se tornando contingencial. Não havia o que esperar de uma iniciativa que nasceu com jeitão autoritário, sem debates prévios com os laboratórios, e mal-conduzida em variadas frentes. Vale lembrar, por exemplo, que inicialmente a Anvisa mostrou-se inclinada a promulgar a adoção de um selo de segurança baseado num papel fornecido no País por uma única fonte. Como é mais ou menos sabido por todos, qualquer empresa séria tem como critério a existência de backups de fornecimento para homologar adoções de insumos ou serviços.

Resta esperar os próximos capítulos dessa novela. Que a adoção de medidas mais seguras para a distribuição de medicamentos é importante, disso ninguém duvida. Mas por que não evitar "canetadas" e buscar caminhos consensuais? Dessa forma, talvez seja mais fácil encontrar uma solução de rastreamento com efeito garantido. E desviar dos placebos.